Confess, Fletch (Greg Mottola, 2022)

Tributo a duas instituições perdidas, o jornalismo investigativo e a screwball comedy, e um tipo de filme que seria prazerosamente descoberto por acaso na prateleira da videolocadora, mas que hoje flutua no limbo da produção subindustrial.

Mottola desempoeira um livro de mistério escrito nos anos 1970 para reconstruir a persona do jornalista investigativo fanfarrão no contexto da era digital, na qual a atmosfera de euforia das redações foi substituída pelo tédio do trabalho remoto e das trocas de informações por email e redes sociais.

Jon Hamm como o ex-jornalista que volta à ativa para resolver um caso de roubo e assassinato é essa força motriz que desorganiza e reorganiza a matéria ao seu redor, como um Cary Grant em Jejum de Amor. Um personagem que se impõe no corpo a corpo e altera os rumos da história de acordo com seu instinto falho, trazendo para dentro do filme uma série de personagens e situações muitas vezes apenas remotamente ligadas à trama principal. Trama que, por sinal, opera como uma espécie de MacGuffin, conduzindo despretensiosamente os rumos da narrativa, menos interessada na resolução do mistério que nos prazeres dos passos em falso.

É ótimo ter o Mottola de volta.

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