O Acampamento (Damien Power, 2016)

Boa surpresa esse Killing Ground, thriller australiano importado de Sundance. Filme se instala numa tradição manjada do survival rural, com o casal urbano isolado na mata virgem e idílica confrontando psicopatas rednecks, mas desde o início lida de maneira muito franca com o espectador. A primeira metade é o Dunkirk que deu certo, três narrativas paralelas ambientadas em diferentes tempos e espaços que embora sustentem um mistério também deixam as coisas muito às claras, sem travessuras, organizando os núcleos até que eles entrem em colisão – o plano-sequência em que isso finalmente ocorre é ótimo, estrelando o melhor bebê nos cinemas em 2017. A partir daí o filme entra num exercício de brutalidade também muito franco, fico um pouco incomodado com isso sempre mas como o Knock Knock do ano passado ele faz uso dessa brutalidade para imergir no contexto e promover a subversão das peças no último ato então ok. E é no ato final que Damien Power aproxima ainda mais seu filme de um Just Before Dawn, do Jeff Lieberman, com algumas soluções de cena/roteiro bem imaginadas e a diluição dos arquétipos do herói e da garota. O médico bonitão que parece cometer um ato de bravura e heroísmo mas na verdade tá perdidaço e cagado de medo, os policiais mongolões, os caipiras delinquentes que acertam um ao outro durante a caçada pela mata, e finalmente a personagem feminina que assume a parada pra resolver tudo no braço. O espaço valoriza a ação e é muito bem ambientado, com um bom aproveitamento das locações, da luz quente do campo australiano e dos enquadramentos em scope. E enfim, bem convencido de que aquele bebê sobreviveria a um desastre nuclear.

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