A estranheza do primeiro ato, com seus conflitos piegas e montagem truncada, não nos prepara para a força surpreendente do ato final. Quatro geólogos exploram a imensidão gélida e monocromática da Sibéria selvagem à procura de diamantes, e o que salta aos olhos desde o início é a expressiva cinematografia de Sergei Urusevsky, colaborador de Kalazotov em seus principais trabalhos (Soy Cuba, The Cranes are Flying), e como ela registra esses personagens e o ambiente misterioso e potencialmente hostil que percorrem, flertando por vezes até mesmo com a abstração. A profundidade de campo, o chiaroscuro acentuado e o aproveitamento do espaço e da luz nos planos abertos são os principais responsáveis pela imersão neste cenário que calmamente engole um a um, conforme a natureza relembra aos homens sua vulnerabilidade frente a ela. Tudo se torna mais forte quando os blocos dramáticos irregulares, mediados por flashbacks e pelos diálogos em si, são substituídos por uma fisicalidade angustiante, própria das aventuras de exploração e sobrevivência, com personagens perdendo progressivamente as forças e a lucidez. É um filme mais próximo da fórmula de aventura do cinema ocidental que a média dos pares russos do período, mas nem por isso menos interessante.